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terça-feira, 10 de setembro de 2013

Bento XVI, o recurso a mais de Francisco


Francisco e Bento XVI: reclusão do papa emérito não é total.
Por Andrea Tornielli

Permanecerei "escondido para o mundo". Assim dissera Bento XVI aos padres romanos no último dia 14 de fevereiro, duas semanas antes de deixar o pontificado. Mas esse "escondimento" ao mundo, também por causa do afeto e dos convites do sucessor Francisco, não foi total.

Nesse domingo (8), pela primeira vez desde o momento da renúncia, o "papa emérito" vestido de branco celebrou a missa para os ex-alunos que anualmente se reúnem por alguns dias no fim do verão. Os pontos mais importantes da sua homilia, proferida de improviso em alemão, foram traduzidos e divulgados pela Rádio do Vaticano.

Homilia em sintonia com as palavras de Bergoglio, já que Ratzinger comentou o Evangelho em que Jesus convida à humildade e a escolher os últimos lugares. Homilia tornada pública, que confirma como esse "escondimento" não é total, nem corresponde a uma clausura, apesar do idoso pontífice emérito residir em um ex-convento.

Bento XVI, ajudado pelas quatro "memores Domini" do Comunhão e Libertação e pelo fidelíssimo Dom Georg, no duplo papel de secretário particular do ex-papa e prefeito da Casa Pontifícia do papa reinante, leva uma vida retirada, mas não monacal. Ele não escreve livros ou discursos, mas recebe visitas: de amigos, de conhecidos, de personalidades eclesiásticas e de leigos.

Alguns desses visitantes deram entrevistas públicas sobre as suas conversas, ou se limitaram a referi-las anonimamente, indo ao encontro de sonoros desmentidos, como aconteceu no caso recente referente à renúncia ao papado sobre a qual Ratzinger teria dito que havia sido "desejada" por Deus.

O papa emérito está semiescondido e não escondido, até porque, desde o primeiro encontro em Castel Gandolfo, o seu sucessor, Francisco, permitiu que se divulgassem as imagens deles dois juntos : o primeiro abraço, a oração juntos, o diálogo diante da mesinha com os documentos do Vatileaks.

A circunstância se repetiu quando Ratzinger retornou ao Vaticano, e, no dia 5 de julho, no dia em que era publicada a encíclica "a duas mãos", o papa Bergoglio quis ao seu lado o antecessor para a inauguração da estátua de São Miguel no Vaticano.

Francisco considera o emérito como um recurso. "É como ter o avô em casa, mas o avô sábio. Ele é um homem de uma prudência, mas não se intromete. Eu lhe disse muitas vezes: Santidade, receba, leve a sua vida, venha conosco...", disse Bergoglio no voo de volta do Rio de Janeiro.

Uma atenção também é demonstrada pela confirmação de Georg Gänswein como prefeito da Casa Pontifícia. Uma ponte cotidiana entre o papa no cargo e o seu antecessor demissionário e cada vez menos oculto.
 
Vatican Insider, 02-09-2013.

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