Comentários
Transfiguração de Jesus.
O relato da transfiguração de Jesus é uma prolepse da sua glorificação escatológica. A montanha é o lugar do encontro com Deus, lugar da revelação de Deus (cf. Ex 3,1ss). É na comunhão com Deus que o rosto de Jesus é transfigurado e que o Pai revela o Filho. A nuvem é símbolo da presença de Deus (Ex 16,10; 19,9; 24,15-16; 33,9). Dela sai a voz que interpreta a visão. A voz da transfiguração é idêntica à do Batismo (Mt 3,17); ela evoca tanto o Messias (Sl 2,7) como o servo de Deus (Is 42,1; 44,2). A intervenção de Pedro cai no vazio, pois precipitada. A nuvem luminosa que os envolve é o que os faz entrar na intimidade divina para conhecer o mistério de Jesus a quem eles seguem. Esconderam o rosto e foram tomados de “medo”, pois eles sabiam estar na presença de Deus; sabiam que ver Deus é morrer (Jz 6,23; 13,22; Ex 33,20). Agora, Pedro e os outros dois podem compreender que a verdadeira tenda, isto é, o lugar da habitação de Deus, é Jesus, a quem eles são convidados a escutar, isto é, a aderir incondicionalmente.
Carlos Alberto Contieri, sj
Comentário do Evangelho
O DESTINO DO MESSIAS
Pedro, Tiago e João, os mais destacados do grupo dos discípulos, tiveram o privilégio de “ver” a glória do Messias, antecipada na cena da transfiguração. Este estava destinado a ser glorificado por Deus, e revestido de imortalidade divina.
O episódio evangélico está todo envolvido pela presença divina. O monte, para o qual Jesus e seus discípulos se dirigiram, simboliza o lugar da presença e da comunicação divinas. Dirigiram-se para o alto monte, porque o ser humano deve elevar-se para poder contemplar a manifestação da glória divina.
O rosto de Jesus, “brilhante como o sol”, apontava para a glória dos justos no reino do Pai. Igualmente, o esplendor luminoso de suas vestes.
A presença de Moisés e Elias indicava que as Escrituras – Palavra de Deus – estão todas centradas na pessoa de Jesus. Tudo quanto Deus havia falado a seu povo eleito tinha sido em função do seu Filho amado. Moisés e Elias evocavam o monte Sinai, lugar da manifestação de Deus, onde ambos estiveram.
O auge da presença divina revela-se quando uma nuvem luminosa envolveu Jesus, e a voz celeste se fez ouvir: “Este é o meu filho amado, que muito me agrada. Escutem o que ele diz!”.
Assim, os discípulos estavam em condições de compreender a verdadeira identidade de Jesus, na sua condição humana e divina. Este seria um dado importante para quem haveria de ver o Mestre tornar-se vítima da incompreensão das lideranças religiosas do povo.
Oração
Pai, que a transfiguração leve-me a confessar Jesus como teu Filho amado, e a reconhecer que sou chamado a expressar o esplendor divino que trago dentro de mim.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
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