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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Em torno de outros valores

Marcus Eduardo de Oliveira
Enquanto a visão de progresso social, baseada na expansão permanente dos desejos materiais, for o mote principal das políticas que respondem pelo crescimento da economia, alcançar a sustentabilidade (a ação que procura devolver o equilíbrio à Terra e aos ecossistemas) estará cada vez mais distante.
Romper com essa falsa ideia de progresso via obtenção de bens materiais é um dos primeiros e mais importantes passos a ser dado para a reconstrução da sociedade em torno de outros valores.
“Dentro” desses outros valores, necessariamente deve estar contida a noção precípua de que crescimento econômico é sempre insustentável; de que crescer implica sempre menos meio ambiente; e de que, finalmente, a economia é um subsistema da natureza – um sistema aberto dentro do ecossistema.
Reconstruir a sociedade dentro de outros valores passa também por entender que o nível de produção e consumo atual do mundo é insustentável e precisa ser reduzido, uma vez que desde que a sociedade de consumo se instalou no mundo ocidental a partir do industrialismo, possibilitando assim que o consumo total da economia humana excedesse a capacidade de reprodução material e assimilação de rejeitos da ecosfera, a crise ambiental, “típico produto” desse excesso, evidenciou, desde então, que o sistema não pode incorporar a todos no universo de consumo em função da finitude dos sistemas naturais.
Enquanto a megamáquina econômica continuar crescendo, absorvendo cada vez mais recursos e gerando mais destruição ambiental e poluição, continuaremos assistindo as extinções de fauna e flora alcançarem ritmos jamais vistos ao longo da história da humanidade.
É por isso que urge recusarmos o dogma da teoria econômica ocidental que defende o crescimento como alternativaprimeira à prosperidade. É por isso ainda que devemos enveredar esforços para reencaixar as atividades econômicas dentro dos limites dos ecossistemas, buscando atingir políticas de sustentabilidade.
Estejamos certos de que a vitalidade da Terra e o futuro da espécie humana só serão garantidos se conseguirmos conferir-lhes sustentabilidade. Caso contrário, como está bem apontado na obra “Sustentabilidade – O que é, o que não é”, de Leonardo Boff, poderemos ir de encontro à escuridão.  
Marcus Eduardo de Oliveira é economista e professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo. prof.marcuseduardo@bol.com.br

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