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segunda-feira, 17 de junho de 2013

O Taiti e a Copa do Mundo da minha irmã

Seleção do Taiti durante treino para a disputa da Copa das Confederaçãoes
A seleção do Taiti certamente terá uma grande torcida na Copa das Confederações. Ganhou o direito de participar do torneio por ser a campeã da Oceania, mas com apenas um jogador profissional no grupo, é uma zebra em seu estado natural. Chegou inclusive a ser comparada ao Íbis, mítico time pernambucano considerado o pior do mundo.

Marcar um golzinho que seja na Nigéria, na Espanha ou no Uruguai já será um grande feito. Vencer um destes jogos oficiais da FIFA então é algo inimaginável, beira o absurdo de tão impossível.

Mas pode acontecer. Pode porque é futebol. A situação me lembra os campeonatos de futebol de botão que disputava quando criança com família e amigos. Sempre tentávamos ter um número par de participantes para facilitar na fórmula de disputa. Com isso, tínhamos uma rodada “completa”, diferente do que ocorre, por exemplo, nas Eliminatórias Sul Americanas que tem nove seleções, uma folga em cada rodada.

Justamente por isso certa vez convocamos uma das minhas irmãs, Aretha, para disputar  nosso torneio. Ela topou. Simplesmente para nos ajudar. Todos os demais “times” sabiam. Quem não goleasse Aretha ficaria para trás na classificação que poderia ser decidida no saldo de gols.

Geralmente fazíamos uma primeira fase de turno único, com todos se enfrentando uma vez e os quatro melhores se classificando para a semifinal. Bem parecido com a Copa das Confederações.    

E não deu outra. Aretha começou a perder um jogo atrás do outro por goleada. Cinco, seis, sete a zero. Mas era futebol, futebol de botão.

Lá pela 5ª rodada, geralmente eram sete, ela endureceu uma partida. No alto dos seus 10 ou 12 anos fez frente a um dos craques da família. “Não lembro se foi contra o Gustavo ou Vinícius”, disse Aretha no sábado passado, se referindo a nossos primos, quando conversávamos a respeito logo após a estreia da Seleção em Brasília.

Aretha fez um gol. Isso foi motivo de muita comemoração por parte dela e de espanto nos demais participantes. O tempo passava e o adversário não conseguia mandar a bolinha para o fundo do gol de plástico branco.

Era bola na trave, zagueiro tirando quase em cima da linha e goleiro fazendo milagre. O placar não mudava. O 1 a 0 persistia.

De repente todo mundo se pegou torcendo por ela. E, como bons torcedores, tentávamos desconcentrar e irritar o adversário da minha irmã. O jogo caminhava para o fim e todos gritavam: “Aretha, Aretha!”

Queríamos ver a queda de um favorito. E ela veio. Aretha venceu. Foi uma festa. Parecia que tinha sido a campeã. Carregada por nós não conseguia parar de sorrir. Ela não acreditava no que tinha acontecido. Sete marmanjos viciados em futebol de botão tão pouco.

Assim é o esporte mais popular do planeta. Que o Taiti consiga a façanha de marcar um gol, vencer um jogo. Valerá uma Copa do Mundo. Copa do Mundo que um dia minha irmã ganhou.

Juliano Paiva escreve toda segunda-feira no DomTotal.com

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