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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O Cruzeiro é bi, tri ou tetra?



O título do Campeonato Brasileiro 2013 do Cruzeiro é incontestável. Campeão com quatro rodadas de antecedência e vencendo todos os adversários pelo menos uma vez. Campanha perfeita, irreparável. Não há o que discutir. Mas a conquista celeste trouxe à tona uma velha polêmica: a unificação dos títulos. 

A Taça Brasil de 1966

Para ser tricampeão brasileiro o Cruzeiro leva em conta a Taça Brasil de 1966. A competição contava com o Santos, que defendia o título, e mais 21 campeões estaduais. 

Além de Cruzeiro e Santos, Grêmio, Fluminense, Vitória e Náutico são times que atualmente disputam o Brasileirão e que também participaram da Taça Brasil de 1966. O Palmeiras, que em 2013 passou pela Série B, é outro que brigou pelo caneco em 1966. 

Os demais participantes foram Ferroviário (PR), Americano (RJ), Rabello (DF), Anápolis (GO), Desportiva (ES), Inter de Lages (SC), Fortaleza (CE), Paysandu (PA), Rio Negro (AM), Flamengo (PI), Sampaio Corrêa (MA), Campinense (PB), ABC (RN), CSA (AL) e Confiança (SE).  

Número de jogos e fórmula

O Cruzeiro precisou fazer oito jogos para ganhar a Taça Brasil. O vice-campeão, Santos, fez quatro. Um dos semifinalistas, o Fluminense, fez dois. A fórmula era o mata-mata e permitia que alguns times entrassem em fases mais adiantadas da competição. Em 1965, o Peixe fez apenas quatro jogos para ser campeão da Taça Brasil. 

Campeonato x Copa

Uma copa tem por característica ser uma competição de tiro curto, com poucos jogos e no sistema mata-mata. O melhor exemplo é a Copa do Mundo, cujo campeão disputa apenas sete partidas. 

Já um campeonato tem muito mais jogos para cada time, sem um intervalo muito grande entre eles, e é mais longo. Pode mesclar uma primeira fase na qual todas as equipes se enfrentam com mata-mata nas fases seguintes ou ser disputado como acontece atualmente, somente em pontos corridos.  

Brasileirão x Copa do Brasil

Se levarmos em conta o quilate dos participantes, o número de jogos de cada time, a fórmula e o conceito de campeonato e copa, a Taça Brasil de 1966 está mais para Copa do Brasil do que para Campeonato Brasileiro. 

Diante disso, o Cruzeiro é bicampeão brasileiro (2003 e 2013). Pode-se dizer então que, em 1966, o time azul foi campeão nacional, mas não campeão brasileiro. Isso não diminui a importância da Taça Brasil. 

CBF

A CBF unificou os títulos em 2010, colocando no mesmo balaio Taça Brasil, Torneio Roberto Gomes Pedrosa e Campeonato Brasileiro. Na época, o então presidente da entidade, Ricardo Teixeira, assistia ao vazamento de denúncias contra sua pessoa. 

Teixeira teria recebido propina de uma empresa de marketing esportivo que detinha os direitos de comercialização da Copa do Mundo. Diante disso, nada melhor que desviar a atenção do que realmente interessava para a tal unificação.   


Com uma canetada e o envio de um fax para os clubes beneficiados, Ricardo Teixeira tornava, por exemplo, o Palmeiras e o Santos, octacampeões brasileiros. Uma das maiores críticas em relação à unificação é justamente em relação à pessoa que a tornou realidade e os motivos, nada nobres, que a levaram a fazer isso. 

Aberrações da unificação

O Palmeiras foi bicampeão brasileiro no mesmo ano, segundo a CBF. Isso porque o Verdão ganhou a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa em 1967. Já em 1968, houve dois campeões brasileiros: o Botafogo, que faturou a Taça Brasil, e o Santos, campeão do Robertão.  

Robertão 

O Torneio Roberto Gomes Pedrosa, sim, tem “cara” de Campeonato Brasileiro e merece esse status. A competição contava com equipes mais qualificadas e com um número considerável de jogos para cada time. Seguindo esse raciocínio, o primeiro campeão brasileiro então não seria o Bahia de 1959 e nem o Atlético de 1971, mas o Palmeiras, campeão do Robertão de 1967. 

Alguns dizem que é tetra

Torcedor não tem jeito. Tudo é motivo de gozação. Reproduzo abaixo a conversa que tive com um atleticano depois da comemoração celeste no jogo contra o Grêmio, ocorrida em 10 de novembro, e antes da confirmação matemática do título diante do Vitória, no dia 13. 

- Juliano, li a sua coluna dessa semana. 
- Essa situação do “Ademg informa” é inusitada, não?
- Sim, e me fez pensar como seria a narração do tetra do Cruzeiro no Barradão.
- Tetra?
- É, tetra. Se a torcida e os jogadores fizeram festa no Mineirão com volta olímpica e taça de papelão e se dizem tri, então se ganhar do Vitória é tetra. Fiquei imaginando como o Galvão Bueno vai narrar a conquista assim que o jogo do Atlético-PR terminar em Santa Catarina, ainda com a partida em andamento na Bahia: “Cabouuu! Cabouuu! Acabouuu! É tetra! É tetra! É tetra! O Cruzeiro, três dias depois, é tetra campeão brasileiro de futebol. Cruzeiro, Cruzeiro, Cruzeiro! Para mostrar quem manda no futebol brasileiro”. 

Juliano Paiva escreve toda segunda-feira no DomTotal.com

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