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segunda-feira, 25 de março de 2013

Que fim levaram os filmes épicos da Semana Santa?


Hollywood não aposta mais em histórias enaltecedoras do cristianismo como antigamente



Ben-Hur, estrelado por Charlton Heston (à direita) e dirigido por William Wyler (Foto: Divulgação)
Por Marco Lacerda*

Houve um tempo em que a Semana Santa, além de um tempo de procissão, recolhimento e missas, era época de estréia de grandes produções hollywoodianas em salas de cinema gigantescas e abarrotadas por um público ávido por consumir a temática religiosa de filmes que rememoravam momentos épicos do cristianismo e da Bíblia.
O esplendor desse tipo de cinema foi do final dos anos 50 até a metade dos 60. Nessa período estrearam os grandes clássicos do gênero: Quo Vadis, Os dez mandamentos, O manto sagrado, Rei dos reis, Barrabás, Ben-Hur, A queda do império romano e El Cid – este, em vez de ter seu foco na figura histórica de Jesus Cristo, narra as guerras entre heróicos cristãos e muçulmanos infiéis.
Eram filmes que agradavam crianças e adultos e todos saíam do cinema comovidos com o tratamento grandioso dado por Hollywood aos grandes julgamentos bíblicos, aos milagres e atos sublimes que precederam o nascimento do cristianismo tal como estão descritos nos Testamentos.
O tempo de duração da maioria desses filmes, somado à lentidão de sua narrativa, tornaram-se obstáculos nos dias de hoje, de filmes high-tech em todos os aspectos, para que o público volte a revê-los durante a Semana Santa. A maioria permanece esquecida no fundo de locadoras de vídeos e DVDs.

Oferta e demanda

A versão em Blu-ray de Ben-Hur, lançada recentemente, é uma boa oportunidade de comprovar a extraordinária qualidade cinematográfica do filme, o conteúdo emotivo da história desse príncipe judeu representado na tela por Charlton Heston e dirigido com mãos de mestre por William Wyler, em 1959.
A antiga paixão em retratar a vida e a morte de Cristo caiu em desuso. Há poucos filmes sobre papas, mas poucas com trajetória marcante. Entre as exceções inclui-se ‘Agonia e êxtase’, interpretada por um magistral Rex Harrison no papel de um papa guerreiro empenhado em determinar a trajetória de Michelangelo, o grande artista daqueles tempos. O mesmo pode-se dizer do sobrevivente de um campo de concentração interpretado por Anthony Quinn em ‘As sandálias do pescador’ e do hesitante Michel Piccoli em ‘Habemus papam’.
Enfim, a Semana Santa não é mais o que era. Basta consultar as programações dos cinemas e da televisão para constatar que há muito Hollywood desistiu de apostar em filmes para essa época do ano que começa a partir desta segunda-feira. Histórias enaltecedoras do cristianismo não rendem bilheterias e provavelmente jamais voltarão a ser os blockbusters de antigamente. Hollywood raramente se equivoca quando o assunto é oferta e demanda.
*Marco Lacerda é jornalista e escritor, autor dos livros ‘As flores do jardim da nossa casa’, ‘Favela High-Tech’ e ‘Clube dos homens bonitos’. É editor especial do DomTotal

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