O leilão foi promovido pela Sotheby´s, de Londres e mas as previsões que o antecederam foram feitas pela Ladbrokes, cadeia de casas de apostas londrina que há anos avalia o destino que teria a tela mais conhecida no planeta, depois da Mona Lisa, de Leonardo da Vinci.
Arte nunca foi a especialidade da Ladbrokes, mas especular sobre o preço que poderia alcançado por “O Grito” atraiu até casas de apostas voltadas exclusivamente para corridas de cavalo, futebol e boxe. Jessica Bridge, porta-voz da companhia, disse no fim de semana, em entrevista ao jornal Financial Times, que a Ladbrokes adotou as mesmas técnicas matemáticas normalmente usadas em partidas decisivas de futebol, como acontece com a partida entre Chelsea e Bayern de Munique, pela final da Champions League, que será disputada no dia 19 de maio em Munique”.
O leilão de "O Grito" já é considerado o maior acontecimento comercial no mundo das artes deste começo de século. Mas existem outras atrações de vulto no páreo, grandes obras de arte que estarão sendo levadas a leilão pelas casas Sotheby´s, Christie´s e Phillips de Pury, nos próximos quinze dias. Entre elas se incluem a tela abstrata “Laranja,Vermelho, Amarelo”, de Mark Rothko (1961); “Elvis Duplo”, de Andy Warhol (1963); “Retrato de Dora Maar”, de Pablo Picasso (1937); “Garota Dormindo”, de Roy Lichtenstein’s (1964) e uma tela da famosa série “Jogadores de Cartas”, de Paul Cézanne (1890).
Exibição de poder
O que teria motivado a venda, no momento, de tantas pinturas, desenhos e esculturas tão famosas? Uma das razões, segundo a porta-voz Jessica Bridge, é a simples necessidade de sacudir um mercado de arte há muito mergulhado em tedioso marasmo. Outra razão, mais oportunista, é tirar proveito da tendência predominante entre colecionadores bilionários da Rússia, Ásia e Oriente Médio, seduzindo-os a gastar quantias impensáveis como forma de exibição de poder.
Segundo Tobias Meyer, diretor mundial do Departamento de Arte Contemporânea da Sotheby´s, existem dois de mercado: o mercado comum, dirigido ao colecionador mediano e o super-mercado, orientado para ícones globais e novos ricos – este último é composto de gente extremamente inteligente, que sabe o que quer e por isso gravita em torno do top da arte mundial. Brett Gorvy, o congênere de Tobias Meyer na Cristie´s, diz ,em entrevista ao New York Times, que “o gosto dessa elite de colecionadores é bastante conservador, mas eles buscam qualidade, virtuosismo técnico, beleza e cores”.
De volta ao páreo estão também várias obras, entre elas “Círculo de Anjos”, uma escultura em aço inoxidável de David Smith que fracassou num leilão da Christie´s durante o calapso do mercado provocado pela crise financeira de 2008, coleções de obras do pós-guerra, expressionistas abstratos e muita Pop Art de alto nível.
Em entrevistas concedidas nos últimos dias, especialistas em história da arte que preferem manter-se no anonimato, debocharam das previsões astronômicas feitas pela Sotheby´s sobre o preço a ser alcançado por “O Grito” no leilão de quarta-feira. Alguns o consideram feio demais – até kitsch – como objeto de arte para se conviver em casa.
A figura mostrada na tela está enraizada na cultura popular a ponto de servir como adorno de canecos, mouse-pads, bonecas infláveis e outras quinquilharias. Edvard Munch produziu quatro versões do quadro. Três se encontram em museus da Noruega e a que foi a leilão, de 1895, era a única mantida numa coleção particular. O dono era Petter Olsen, homem de negócios norueguês cujo pai, Thomas, foi amigo particular e mecenas de Munch.
“O Grito”, de Edvard Munch: A vida privada de uma obra de arte. Veja o vídeo.
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