Comentários
Era um homem justo
Celebramos, hoje, a festa de São José. O Novo Testamento reserva a ele somente umas poucas linhas. Dele se diz, fundamentalmente, que era um homem justo. Na linguagem bíblica “justo” é aquele que vive em conformidade com a Lei do Senhor. Mateus, sobretudo, esclarece que ele fez “tudo conforme o anjo lhe havia dito” (Mt 1,24; 2,13-14.19-23). O pouco que dele se diz, no entanto, é suficiente para reconhecer a razão de sua eleição de ser o pai do Filho de Deus segundo a carne, a saber, sua fidelidade a Deus, sua docilidade em se deixar conduzir pelo desígnio de Deus. O evangelho escolhido para este dia é a transição entre a infância e a idade adulta de Jesus. É a idade da maturidade da fé, 12 anos, em que Jesus, assim como todos os meninos da sua idade, se tornam “filhos do preceito”. Sua permanência no Templo e o diálogo entre ele e seus pais servem, nesse momento importante de sua vida de fé, para afirmar a que sua vida está referida e quem a move, de fato. A vida de Jesus, desde a sua origem, está enraizada no Pai; toda a sua vida se destina a realizar a vontade de Deus. Se por ora seus pais, segundo a carne, não compreendem, é porque eles têm de percorrer o caminho do seu Filho, para que à luz da ressurreição possam compreender a verdadeira identidade e missão daquele que geraram.
Carlos Alberto Contieri,sj
Comentário do Evangelho
A CORAGEM DO MESSIAS
Na medida em que avançava no seu ministério, levantavam-se, para Jesus, toda espécie de barreiras. Seus adversários sentiam-se questionados por ele, e não sabiam como enfrentá-lo, na base do diálogo. Os argumentos do Mestre deixavam-nos desarmados. E eles não tinham a quem apelar, mesmo recorrendo à sabedoria que pensavam possuir.
A decisão de matar Jesus visava eliminar o mal pela raiz. Seria uma maneira de fazer calar, para sempre, aquela voz incômoda, banindo-o do meio do povo. Recorrendo à violência, os inimigos de Jesus pensavam resolver um problema com o qual recusavam defrontar-se: é possível Deus fazer-se presente na história humana, na pessoa de um homem?
Apesar de se precaver, o Mestre não se deixou levar pelo medo. Antes, mostrou-se suficientemente corajoso para defrontar-se, cara-a-cara, com quem ameaçava tirar-lhe a vida. O templo de Jerusalém foi o palco do confronto. Aí ele se pôs a pregar, abertamente, sua condição de enviado do Pai, ou seja, sua condição divina. Sua pregação derrubava o orgulho de seus adversários, pois ele é quem tinha o verdadeiro conhecimento do Pai. Enganavam-se seus adversários ao cultuar um Deus diferente daquele anunciado por ele. Por isso, a atitude mais sensata seria a de converter-se ao Deus de Jesus, deixando de lado a violência inútil.
Oração
Espírito de destemor, em meio às contrariedades por causa da fé, faze-me imitar a coragem do Mestre Jesus.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
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