Por Marco Lacerda*
A Patagônia é terra de aventura, onde o homem mede sua habilidade física e emocional diante de lugares indomáveis e de beleza sem igual
A Patagônia é uma região geográfica que abrange a parte mais meridional da América do Sul. Localiza-se na Argentina e no Chile, e integra a seção mais ao sul da cordilheira dos Andes, rumo a sudoeste até o oceano Pacífico, e, a leste, até os vales em torno do rio Colorado até Carmen de Patagones, no oceano Atlântico. A oeste, inclui o território de Valdívia, através do arquipélago da Terra do Fogo.
O nome Patagônia vem da palavra patagón usada por Fernão de Magalhães em 1520 para descrever o povo nativo que sua expedição acreditou serem gigantes. Acredita-se atualmente que os patagones seriam os tehuelches, que tinham uma altura média de 180 centímetros, em comparação com os 155 cm de média dos espanhóis da época.
A parte argentina da Patagônia inclui as províncias de Neuquén, Río Negro, Chubut e Santa Cruz, bem como a parte leste da Terra do Fogo. A Região Patagônica, uma subdivisão político-econômica argentina, inclui a província de La Pampa.
A parte chilena da Patagônia compreende a extremidade meridional de Valdívia, a região de Los Lagos, no lago Llanquihue, Chiloé, Puerto Montt e o sítio arqueológico de Monte Verde, bem como as ilhas a sul das regiões de Aisén e Magallanes, incluindo o lado ocidental da Terra do Fogo e do Cabo Horn.
Nessa região está localizada a cidade mais austral do planeta, Ushuaia, conhecida como "a terra do fim do mundo".
A Patagônia é uma região marcada pelos ventos que ocorrem em grande parte do ano. É de lá que partem as famosas excursões para a Antártica. Além de leões-marinhos, existe uma grande concentração de pinguins.
Beleza incomparável
Desafiante e extrema, a Patagônia apresenta em sua magnífica e variada geografia, propostas que atraem os mais novatos e provocam aqueles que fazem da aventura uma forma de vida. Os aventureiros do mundo inteiro são atraídos a viver a Patagônia sem limites com a ajuda de guias experientes nas diferentes atividades e todo o equipamento necessário para desfrutar plenamente de cada experiência.
A Patagônia é terra onde o homem sempre esteve medindo sua habilidade física e suas emoções no meio de lugares indomáveis, rodeados de uma beleza sem igual. Um amplo calendário de tetratlos, maratonas, a regata de canoagem mais comprida do mundo -que vai da cidade de Neuquén até Viedma-, imponentes vulcões e as mais destacadas competições de alto rendimento são realizadas por toda a região, e a cada ano propõem aos mais atrevidos esportistas do mundo, aceitar grandes desafios.
Cada destino oferece ao visitante uma infinidade de propostas para que desfrute ao máximo a natureza. Trilhas, montanhismo, trekking, rafting, caiaque, cavalgadas, mountain bike, travessias em 4x4, parapente e corridas de aventura são algumas das atividades que dia a dia se renovam para que você sinta a experiência de vencer os obstáculos que apresentam e diferentes acidentes geográficos em espetaculares paisagens.
Sem palavras
Guias de viagem costumam empregar a expressão "paisagens de tirar o fôlego" nas descrições de praticamente todos os destinos, seja uma praia paradisíaca do Nordeste brasileiro, seja uma cidadezinha italiana. Mas, para falar da Patagônia chilena, no extremo sul da cordilheira dos Andes, é preciso se esforçar para encontrar palavras que driblem o lugar-comum ao descrever picos nevados, lagos e lagoas de águas verdes, geleiras de um branco profundo e imensas rochas escuras. No inverno, a neve deixa as paisagens ainda mais bonitas, por isso vale a pena enfrentar as temperaturas negativas. Para quem não tem medo do frio intenso, a Patagônia reserva belos passeios.
A maior parte dos viajantes que visita a região da Patagônia perto da pacata cidade de Puerto Natales se destina ao parque nacional Torres del Paine. São ecoturistas atraídos pela paisagem e, também, pela diversidade da fauna e da flora.
Criado em 1957, esse parque onde vivem emas e guanacos (espécie de lhama), é catalogado pela Unesco como reserva da biosfera. Com mais de 240 mil hectares (equivalente a 1.520 vezes a área do parque Ibirapuera, em São Paulo), o lugar reúne rios, quedas-d´água, montanhas, geleiras e uma infinidade de lagos.
O parque possui diversos pontos que fazem as vezes de mirantes. De um deles, localizado às margens do lago Nordenskjold, é possível avistar, em dias claros, os picos do Cerro Paine Grande e as Torres del Paine, formações rochosas em forma de torres que dão nome ao parque.
Outro local de onde se tem uma bela vista é o mirante Los Cuernos, que fica à beira da cascata Salto Grande. Dali, é possível enxergar a queda-d´água e o rio Paine. As geleiras são outra sensação local. Com águas turvas, de um verde acinzentado, o lago Grey fica na região oeste do parque e abriga numa das extremidades o glaciar de mesmo nome.
Barcos levam os turistas para ver as geleiras bem de perto, em um passeio com três horas de duração. A maioria não pensa duas vezes antes de encarar o frio e se aventurar na parte externa do barco para ver as paredes de gelo, que em dias nublados adquirem bonitas tonalidades de azul.
Próximo ao glaciar, o frio se intensifica e pequenos flocos de neve começam a aparecer. Mesmo assim, os turistas não se intimidam, e a maioria chega até a tirar as luvas para poder fazer fotos de modo mais ágil.
Incêndio criminoso
Em dezembro do ano passado, o parque nacional Torres del Paine foi vítima de um incêndio criminoso, provocado por um turista israelense que talvez nunca tenha tido a paz ao alcance dos olhos O fogo atingiu 22 mil hectares do parque, um dos principais destinos turísticos da Patagônia chilena.
O local foi totalmente reaberto à visitação em janeiro deste ano. Em algumas áreas, ainda é possível constatar os estragos causados pelo fogo, em árvores com troncos enegrecidos e retorcidos e em campos sem vegetação.
Patagônia - Viagem ao fim do mundo. Veja o vídeo:
*Marco Lacerda é jornalista, escritor e Editor Especial do DomTotal
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