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segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A missão evangélica do papado contra a pobreza



Quando o papa afirma que 'exigir terra, casa e trabalho é a doutrina da Igreja', ele marca uma diferença.



Bergoglio fez da pobreza o centro de seu pontificado.
Mesmo um discurso eclesiástico pode não precisar de exegetas. Por exemplo, não precisa de uma interpretação o discurso do papa Francisco aos movimentos populares reunidos no Vaticano: um apelo claro e forte à luta dos pobres contra a injustiça. Pode ser útil, ao contrário, enquadrar as palavras papais na história recente do catolicismo e no contexto do pensamento de Bergoglio. Em primeiro lugar, é bom limpar o campo de equívocos.

Não há novidades doutrinais no discurso aos movimentos. Nada que não possa ser lido nas encíclicas sociais dos últimos 20 anos, ou desde que a Igreja começou a fazer as contas com a globalização neoliberal.

Basta tomar nas mãos a "Centesimus annus", de João Paulo II, para encontrar uma condenação duríssima das condições do Terceiro Mundo e do pensamento único capitalista pós-1989. Na "Caritas in veritate", o papa Ratzinger dedicara algumas páginas profundas do ponto de vista teológico-filosófico à necessidade de conjugar a caridade com "a verdade de um justo viver social". Se hoje percebemos uma reviravolta na atitude da Igreja, os motivos devem ser buscados em outro lugar.

Já se entendia que Bergoglio faria da pobreza o centro do seu pontificado desde a escolha do nome Francisco, por ele motivada na indicação programática de uma "Igreja pobre e para os pobres" (uma declaração que trazia à mente a de João XXIII por ocasião da abertura do Concílio Vaticano II).

Com aquele gesto, novo e perturbador na simbologia eclesial, o papa inseriu a sua própria missão no rastro do pauperismo cristão: do pobrezinho de Assis aos "profetas" da era contemporânea (Charles de Foucauld, Gauthier, Dossetti etc.). Não era nada evidente que essa opção levaria efetivamente também a uma mudança de paradigma, como os acontecimentos posteriores, ao invés, mostraram.

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